«A pandemia pôs em evidência quão vulneráveis e interligados estamos todos nós. Se não cuidarmos uns dos outros, a começar pelos últimos, os mais atingidos, incluindo a criação, não podemos curar o mundo. #TempodelCreato». Com este tweet em @Pontifex a 3 de setembro, o Papa Francisco renovou mais uma vez o seu convite a todas as pessoas para que cuidem do meio ambiente e se comprometam com uma justiça social mais equitativa. Uma exortação para relançar as questões ecológicas precisamente num momento em que o Tempo da Criação está a ser celebrado em todo o mundo, pelo qual o Bispo de Roma pediu oração e ação a favor da casa comum, acolhida antes de mais pelo Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral e pelo Movimento Laudato si’, que numa declaração conjunta emitida na tarde de 2 de setembro, sublinhou a importância de tal mobilização apenas algumas semanas antes da reunião dos líderes mundiais da Onu para a vigésima sexta Conferência das Partes sobre as alterações climáticas, que terá lugar em Glasgow de 9 a 20 de novembro.
Oficialmente aberto a 1 de setembro, por ocasião do Dia mundial de oração pelo cuidado da criação, o Tempo da criação concluir-se-á no dia 4 de outubro, festa litúrgica de São Francisco de Assis. O tema escolhido para este ano foi «Uma casa para todos? Renovar o oikos de Deus» e o símbolo é a tenda de Abraão, que representa o compromisso de salvaguardar um lugar para quantos partilham a casa comum, como fez o próprio profeta.
A iniciativa chama cristãos de todas as denominações e continentes a um período de reflexão e oração a fim de suscitar respostas a favor da proteção da terra e dos seus bens naturais.
O Pontífice chamou as consciências repetidamente à responsabilidade e ao respeito pela casa comum. Também durante o Angelus de domingo 29 de agosto, na sua saudação aos membros do Movimento Laudato si’, salientou que «o grito da terra e o grito dos pobres estão a tornar-se cada vez mais sérios e alarmantes». Assim, instou todos os católicos a tomarem «medidas decisivas e urgentes para transformar esta crise numa oportunidade». E no vídeo para a intenção do mês de setembro confiado à sua Rede mundial de oração, Francisco pediu-nos que invoquemos o Senhor «para que todos possamos fazer escolhas corajosas por um estilo de vida sóbrio e ecossustentável, regozijando-nos com os jovens que estão resolutamente comprometidos nisto!».
Além disso, o recente Relatório das Nações Unidas sobre o Clima assinalou que a crise climática já está a atingir os habitantes do planeta e que o tempo está a esgotar-se para evitar os piores efeitos da crise ecológica e da emergência climática. De facto, o documento diz que, nos últimos 50 anos, a temperatura da terra aumentou a um ritmo sem igual nos últimos 2.000 anos e a subida média do nível do mar elevou-se a um ritmo nunca visto nos últimos 3.000 anos.
Um dos modos acessíveis de começar a inverter a catástrofe ambiental é participar no Tempo da criação. Dado que os cristãos constituem mais de 25% da população mundial, têm verdadeiramente o potencial para mudar as suas comunidades e o mundo para melhor durante estas cinco semanas.
Celebrada pela primeira vez em 1989, a iniciativa começou com uma reunião de oração transmitida em direto no YouTube e Facebook, onde os participantes foram convidados a aprofundar o tema escolhido para aquele ano.
O período do tempo da criação é também uma oportunidade para os católicos defenderem os mais vulneráveis assinando a petição «Planeta Saudável, Pessoas Saudáveis», no qual se convidam os líderes mundiais a promoverem o cuidado da criação de Deus. Monsenhor Bruno-Marie Duffé, ex-secretário do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, pedira aos fiéis que assinassem e promovessem a petição, dizendo: «O Tempo da criação deste ano será também um momento fundamental para os católicos levantarem a voz pelos mais vulneráveis e se mobilizarem a seu favor».
É possível assinar a petição e encontrar informações úteis no site www.seasonofcreation.org/it.