O Papa Francisco fez mais um gesto de proximidade ao Brasil, ferido pela Covid-19, doando seis ventiladores para a respiração artificial à diocese da Carolina, no Estado do Maranhão, que depois foram distribuídos aos centros mais necessitados. E é significativo que isto tenha acontecido poucos dias antes do aniversário da sua visita ao grande país latino-americano, naquela que foi a primeira viagem internacional do pontificado, de 22 a 29 de julho de 2013, para a Jornada mundial da juventude no Rio de Janeiro.
Afinal, o gigante brasileiro está entre os países mais atingidos pela pandemia a nível mundial, com cerca de vinte milhões de contágios e pelo menos quinhentas mil vítimas, com uma incidência particularmente preocupante nas áreas ao longo da Amazónia e da floresta circunvizinha, habitadas predominantemente por populações indígenas.
Segundo relatórios do Conselho episcopal latino-americano (Celam), os equipamentos médicos oferecidos pelo Papa Bergoglio foram destinados em primeiro lugar a Montes Altos, à Casa Alívio do Sofrimento, hospital da diocese de Carolina. A estrutura hospitalar «dispõe de recursos precários», comentou o bispo diocesano, D. Francisco Lima Duarte.
Outros foram destinados a Estreito, o centro mais populoso da diocese, onde «a procura é grande», explicou o prelado, e não havia respiradores. «Era muito importante que essas pessoas, tanto nas ambulâncias como nos hospitais, pudessem receber este equipamento».
A própria diocese de Carolina recebeu dois equipamentos para a respiração artificial, uma vez que também neste caso «havia ineficiência», bem como a total falta de máquinas para a ventilação pulmonar, prosseguiu.
Em síntese, «todos ficaram muito felizes por ter recebido este equipamento, que é fácil de manusear, e até os médicos ficaram contentes porque sabem como é difícil transportar os pacientes para outros municípios, por isso foi com grande alegria que o recebemos; e agradecemos ao Papa, à nunciatura apostólica e à Conferência nacional dos bispos do Brasil (Cnbb), por estas doações», concluiu o bispo.
Por outro lado, Francisco manifestou repetidamente uma atenção particular à situação brasileira. Preocupado com o aumento dos casos, em maio de 2020, durante a fase mais aguda da emergência, telefonou ao cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, um dos Estados com o maior número de contagiados e mortos. E quando, no mês de junho seguinte, através da Esmolaria Apostólica, mandou entregar 35 ventiladores pulmonares a várias nunciaturas apostólicas no mundo inteiro, dos 27 destinados à América Latina, quatro foram para a nação verde-amarelo. Em julho, outro respirador e um medidor de temperatura foram entregues ao hospital de campanha em Marabá, no Estado do Pará.
Finalmente, em agosto, através da Representação pontifícia, foram entregues 18 ventiladores “Draeger” para cuidados intensivos e seis máquinas de ultrassom portáteis “Fuji”, que a Associação «Hope» sem fins lucrativos instalou então em vários hospitais.
Da biblioteca do Palácio apostólico, o bispo de Roma dirigiu aos fiéis de língua portuguesa, que acompanhavam a audiência geral através dos meios de comunicação social no dia 20 de janeiro, um pensamento «a todos aqueles que sofrem por causa da pandemia, especialmente em Manaus».
A mensagem de vídeo enviada a 16 de abril aos participantes na 58ª assembleia geral da Cnbb foi ainda mais vigorosa: «Através de vós», disse aos bispos, «desejo dirigir-me a todos os brasileiros num momento em que este amado país enfrenta uma das provações mais difíceis da sua história», para «manifestar a minha proximidade às centenas de milhares de famílias que choram a perda de um ente querido. Jovens e idosos, pais e mães, médicos e voluntários, ministros sagrados, ricos e pobres: a pandemia não excluiu ninguém na sua esteira de sofrimento. Penso em particular nos bispos que morreram vítimas da Covid».