Escolas sempre abertas
«“Escolas acolhedoras”, ou seja, lugares onde as próprias feridas e as dos outros podem ser curadas; escolas com portas realmente abertas e não apenas com palavras, onde os pobres possam entrar e onde seja possível ir ao encontro dos pobres», foram os votos do Papa Francisco na seguinte mensagem de vídeo, divulgada a 10 de junho, por ocasião dos 20 anos de fundação da Federación Latinoamericana de Colegios de la Compañía de Jesús (flacsi).
Estimados irmãos e irmãs
da comunidade educativa
da flacsi!
Uma reflexão para celebrar os vinte anos da Federação. Digo celebrar porque cada passo em frente é sempre uma razão para celebrar.
Jesus é o modelo que nos ensina a relacionar-nos com os outros e com a Criação. Ensina-nos a sair, a encontrar-nos com os mais pequeninos, os pobres, os descartados. Ele estava sempre à procura destas pessoas. Que as nossas escolas formem corações convictos da missão para a qual foram criadas, com a certeza de que «a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros» (Exort. ap. Evangelii gaudium, n. 10). A vida que se conserva acaba por ser objeto de museu, com o cheiro de naftalina, e isto não ajuda.
Desejo que as escolas sejam “escolas acolhedoras”, isto é, lugares onde as próprias feridas e as dos outros possam ser curadas; escolas com portas realmente abertas e não apenas com palavras, onde os pobres possam entrar e onde seja possível ir ao encontro dos pobres. Elas incorporam a sabedoria do Evangelho, que é a perspetiva privilegiada a partir da qual podemos aprender muito. Escolas que não se retiram num elitismo egoísta, mas que aprendem a conviver com todos, onde se vive a fraternidade, sabendo que tudo está interligado (cf. Laudato si', n. 138), lembrando que a fraternidade não exprime — em primeiro lugar — um dever moral, mas a identidade objetiva da raça humana e de toda a criação (Istrumentum laboris, Pacto educativo global). Esta fraternidade... Somos criados em família, como irmãos.
Desejo que as vossas escolas ensinem o discernimento, que leiam os sinais dos tempos, que leiam a própria vida como um presente pelo qual agradecer e a partilhar. Que tenham uma atitude crítica em relação ao modelo de desenvolvimento, produção e consumo (cf. Laudato si', n. 138) que empurra vertiginosamente para a vergonhosa iniquidade que faz sofrer a grande maioria da população mundial. Como podeis ver, o meu desejo é que as vossas escolas tenham consciência e criem consciência.
Que sejam escolas de discípulos e missionários (ndr. Documento de Aparecida). Desejo encorajar-vos a continuar a trabalhar em conjunto, outros vinte anos, mais vinte anos e mais vinte anos, somados ao Pacto educativo global, e agradeço-vos o serviço de promoção da fé e da justiça.
Ide em frente com esta missão que vos foi confiada. Que Deus vos abençoe, que a Virgem vos proteja e rezai por mim. Obrigado!