Francisco visitou os meios
Durante a transmissão ao vivo na rádio
O nosso trabalho é chegar a todos
Durante a transmissão radiofónica ao vivo, ao responder às perguntas que lhe foram dirigidas, o Papa pronunciou as seguintes palavras.
Obrigado pelo vosso trabalho, pelo que fazeis. Tenho apenas uma preocupação — há muitas razões para estar preocupado com a Rádio, com “L’Osservatore Romano” — mas uma toca mais o meu coração: quantos ouvem a Rádio, e quantos leem “L’Osservatore Romano”? Pois o nosso trabalho é chegar ao povo: aquilo que aqui se faz, que é belo, grande, cansativo, chegue ao povo, tanto com as traduções, como também com as ondas curtas, como o senhor disse... A pergunta que vos deveríeis formular é: “Quantos? A quantos chega?” pois há o perigo — para todas as organizações — o perigo de uma bela organização, um bom trabalho, mas que não chega onde deve chegar... Um pouco como a história do nascimento do rato: a montanha que dá à luz um ratinho... Todos os dias, fazei-vos esta pergunta: a quantas pessoas chegamos? A quantas pessoas chega a mensagem de Jesus através de “L’Osservatore Romano”? Isto é muito importante, muito importante!
Na Sala Marconi
Funcional se for criativo
Por fim, durante o encontro na Sala Marconi, o Pontífice disse estas palavras.
Muito obrigado pelo vosso trabalho. Sinto-me feliz, vi todos vós juntos aqui. Vi este Palácio bem arranjado, e gostei. A unidade do trabalho... O problema é se este sistema grande e complicado funciona. Lembro-me de um costume na Argentina, quando alguém era nomeado para um cargo importante, a primeira coisa que fazia era ir à Nordiska, uma empresa que se ocupava de arquitetura de interior, sem ter visto a sua escrivaninha, o seu estúdio, mandava fazer tudo novo, tudo perfeito, bonito. Era a primeira decisão que aquele ministro, aquele funcionário, tomava. Depois, não funcionava. O importante é que toda esta beleza, toda esta organização funcione. Funcionar significa ir, caminhar... O grande inimigo do bom funcionamento é o funcionalismo. Por exemplo, sou o chefe de uma secção, sou o secretário dessa secção, o chefe. Mas tenho sete subsecretários. Sempre tudo bem. Alguém tem uma dificuldade, vai ter com o subsecretário que a deve resolver, mas ele diz: “Espera um minuto, depois volto a contactar-te”. Vai e telefona ao secretário... Ou seja, são inúteis. Incapazes de tomar decisões, incapazes de assumir uma responsabilidade. O funcionalismo é letal. Adormece uma instituição, e mata-a. Estai atentos a não cair nisto: não importa quantos lugares há, se o estúdio é bonito ou não. Importa que funcione, que seja funcional, e não uma vítima do funcionalismo. Estai muito atentos, muito atentos a isto. E quando algo é funcional, ajuda a criatividade. O vosso trabalho deve ser criativo, sempre, e ir além, além, além: criativo. Isto chama—se funcionar. Mas se um trabalho é muito bem organizado acaba por ficar enjaulado e não ajuda. Isto é a única coisa que, ao ver uma organização tão bonita, tão bem feita, vendo-vos todos juntos, digo-vos: estai atentos! Nenhum funcionalismo. Sim, funcional no trabalho, o que deveis fazer. E para que uma estrutura seja funcional, todos devem ter liberdade suficiente para funcionar. Que haja a capacidade de correr riscos sem ter que pedir autorização, autorização, autorização...: isto paralisa. Funcional, não funcionalista. Compreendestes? Ide em frente e sede corajosos. Obrigado!