· Cidade do Vaticano ·

Três sacerdotes enviados para a diocese mais indígena do Brasil

Frutos do sínodo

Os três missionários brasileiros com o bispo de São Gabriel da Cachoeira
09 março 2021

Alair Alexandre da Silva, do clero da arquidiocese de Vitória; Lucio André Pereira, da diocese de Registro; e Luís Carlos Araújo Moraes, missionário do Sagrado Coração de Jesus: no dia 24 de fevereiro estes três sacerdotes foram enviados para São Gabriel da Cachoeira, a diocese mais indígena do Brasil, no Estado do Amazonas, e representam o fruto do apelo lançado no Sínodo dos bispos desejado pelo Papa Francisco. Ali — onde só se chega de avião ou navegando no Rio Negro, onde lugares remotos e grandes distâncias dificultam a vida diária e a missão da Igreja — foram recebidos «de braços e corações abertos» pelo povo e, na primeira fila, pelo bispo local D. Edson Tasquetto Damian, que agradeceu aos «amigos» prelados e à congregação dos Missionários do Sagrado Coração o envio deste dom, assim como aos próprios irmãos, que «vieram aqui para assumir a missão que Deus lhes confiou».

Os três sacerdotes — as suas histórias são narradas por Luís Miguel Modino, no site online do Conselho episcopal latino-americano — com as respetivas motivações e expetativas, sentiram este apelo missionário há muito tempo, desde o tempo do seminário, como o padre Alair Alexandre da Silva, que conheceu uma parte da Amazónia durante as visitas que fez à prelatura territorial de Lábrea, Igreja irmã da arquidiocese de Vitória. Mas a sua chegada a São Gabriel da Cachoeira, «um lugar que eu nunca tinha visitado, que eu não conhecia, onde jamais tinha imaginado servir a Igreja», foi o resultado de uma proposta do arcebispo de Vitória, D. Dario Campos, que já se tinha familiarizado com aquela região. O padre Alair partiu com o desejo de «conhecer as comunidades ao longo do rio, os povos indígenas, e de aprender com todas estas pessoas a levar a vida e a viver a fé de outro modo, com o povo». Portanto, partiu não tanto para levar conhecimento («não é esta a minha intenção»), mas para aprender a «crescer no meu ministério, servindo as pessoas mais simples e mais pobres, uma Igreja centrada na missão, que realmente se preocupa com os mais necessitados. Como afirma o Papa Francisco — realçou — para «aprender a estar entre os mais simples, com os mais pobres, procurando viver com simplicidade e humildade, ao serviço de Deus e destas pessoas, amadas mas atribuladas».

O padre Lucio André Pereira, ao contrário, faz parte do Projeto de Igrejas Irmãs, que já conta vinte e cinco anos, abrangendo os Regionais Sul 1 e Norte 1 da Conferência nacional dos bispos do Brasil (Cnbb). O presbítero tomou esta decisão motivado pelo Sínodo sobre a Amazónia e pelo convite do Papa Francisco, a fim de que os sacerdotes tenham um «coração despojado» para a missão e ajudem a Igreja amazónica. É por isso que hoje se encontra em São Gabriel da Cachoeira, «para conhecer o povo, sentir a alegria, mas também, com ele, a tristeza». Proveniente da diocese de Registro, precedentemente trabalhou em restaurantes, mas também como assistente de pedreiro, e ajudava o seu pai a lançar a rede para a pesca. Agora, como sacerdote, quer «servir à mesa do povo de Deus».

Como Luís Carlos Araújo Moraes, impelido pelo carisma da misericórdia, da escuta e do respeito. Tem diante de si «uma folha de papel em branco para escrever uma nova história, um novo momento, com as pessoas deste lugar».

Giovanni Zavatta