Não se resignar às divisões
Francisco está a verificar a possibilidade de visitar o Sudão do Sul juntamente com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, para oferecer um testemunho ecuménico de paz ao atormentado país africano, revelou o próprio Pontífice durante a visita realizada na tarde de domingo 26 de fevereiro, à igreja anglicana de All Saints em Roma.
Respondendo às perguntas que lhe foram dirigidas por três fiéis no final da liturgia ecuménica, o Papa contou que recebeu o convite de três bispos sudaneses do sul, um anglicano, um presbiteriano e um católico. «Deles, Igreja jovem, veio esta criatividade», frisou, acrescentando: «Estamos a verificar se se pode realizar, se a situação não é demasiado difícil. Mas – garantiu – devemos fazê-la porque eles, os três, juntos desejam a paz, e trabalham em conjunto pela paz».
Durante o colóquio Francisco reafirmou a necessidade do «diálogo teológico» entre católicos e anglicanos para tratar os temas «sobre os quais ainda não estamos de acordo». Mas, frisou, «isto não pode ser feito em laboratório: devemos fazê-lo caminhando, ao longo do percurso».
«Nós – confirmou – estamos a caminho e a caminho realizamos também estes debates». Assim, ao longo da estrada, «ajudamo-nos uns aos outros nas nossas necessidades, na nossa vida». Substancialmente, frisou, «não se pode fazer o diálogo ecuménico parados. O diálogo ecuménico é feito a caminho, porque ele é um caminho, e os aspetos teológicos devem ser debatidos a caminho». Foi significativa, neste sentido, a geminação entre a igreja anglicana e a paróquia católica de Todos os Santos na via Appia nova, oficializada diante do Papa durante a visita. Para Francisco, isto também é sinal de que entre católicos e anglicanos «as relações melhoraram ainda mais». E «agrada-me, isto é bom», afirmou convidando os fiéis a seguir o exemplo das Igrejas jovens que demonstram «mais criatividade» e «mais coragem» no campo do ecumenismo.
Na homilia pronunciada durante a liturgia o Pontífice exortou a dar graças ao Senhor «porque entre os cristãos cresceu o desejo de uma maior proximidade, que se manifesta na prece conjunta e no testemunho comum do Evangelho, sobretudo através das várias formas de serviço». Enquanto no passado católicos e anglicanos «olhavam-se com suspeita e hostilidade», agora – disse – «reconhecemo-nos como verdadeiramente somos: irmãos e irmãs em Cristo, mediante o nosso batismo comum».
Certamente, admitiu, «o progresso no caminho para a plena comunhão pode parecer lento e incerto». Mas como São Paulo – que «não se resigna às divisões» na comunidade de Corinto – assim os cristãos são chamados hoje a «percorrer na terra todas as vias possíveis de um caminho fraterno e comum», praticando a humildade e reconhecendo-se «mendigos de misericórdia».
Discurso do Papa durante a visita à igreja anglicana de All Saints em Roma
Praça De São Pedro
8 de Dezembro de 2019

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