· Cidade do Vaticano ·

Na audiência geral, dedicada à virtude da paciência, o Pontífice abraçou um judeu e um palestiniano que perderam as filhas no longo conflito do Médio Oriente

Uma amizade para além
da guerra e da dor

 Uma amizade  para além da guerra e da dor  POR-013
28 março 2024

«Hoje estão aqui dois pais: um israelita e um árabe. Ambos perderam as suas filhas» no longo conflito israelo-palestiniano, mas apesar disso «são amigos. Não olham para a inimizade da guerra, mas olham para a amizade de dois homens que passaram pela mesma crucificação». O Papa Francisco está prestes a concluir a sua catequese na audiência geral desta Quarta-feira Santa, quando agradece “de improviso” a Rami Elhanan e Bassam Aramin, israelita o primeiro e palestiniano o segundo, pelo seu testemunho. Eles «sofreram» a perda das suas filhas na «guerra na Terra Santa», explicou o Pontífice: era 1997 quando Rami sofreu a perda atroz da sua filha de 14 anos num ataque terrorista, e 2007 quando o mesmo destino se abateu sobre Bassam, cuja filha de 10 anos foi morta pela bala de um soldado quando saía da escola.

Os dois encontraram-se pela primeira vez graças à associação Parents Circle. O resultado foi uma amizade «que hoje é fraterna», confidenciaram os dois, e que também foi narrada no livro «Apeirogon», do escritor irlandês Colum McCann, presente na audiência do Papa Francisco aos artistas, a 23 de junho, e vencedor do Prémio Terzani 2022.

No final da catequese, saudando os fiéis, Francisco invocou a «paz como dom de Deus por ocasião da Páscoa», especialmente «para a Ucrânia e para a Terra Santa». Precedentemente, continuando o ciclo de reflexões sobre os vícios e as virtudes, o Pontífice falou a respeito da paciência, ou seja, «a suportação do que se sofre: não por acaso», este termo «tem a mesma raiz de “paixão”», explicou, convidando os fiéis a «ir contra a corrente em relação à mentalidade generalizada de hoje, dominada pela pressa e pelo “tudo já”».

Catequese

A paz dom da Páscoa